*Por Carolina Pimentel

Descubra a diferença entre os alimentos prebióticos e probióticos!

A chamada microbiota intestinal diz respeito à população de micro-organismos (como bactérias, vírus, fungos e protozoários) que habitam todo o trato gastrointestinal e tem como funções manter a integridade da mucosa e controlar a proliferação de bactérias patogênicas (aquelas que podem causar doenças). Para se ter uma ideia, o intestino humano engloba trilhões de micro-organismos.

Contudo, quando temos uma microbiota intestinal desbalanceada, ou seja, com um maior número de bactérias que podem causar doenças, algumas alterações podem ser bastante comuns na vida dos indivíduos, como a diarreia, a alergia alimentar, algumas doenças de pele, doenças inflamatórias intestinais e artrite.

Como é de se imaginar, a alimentação tem um papel muito importante nisso: uma dieta rica em vegetais, verduras e legumes (sempre higienizados corretamente!) favorece a manutenção da microbiota intestinal. Assim como uma alimentação à base de produtos que contenham elevadas quantidades de açúcar e gorduras, além de carnes em geral, tem o efeito contrário.

Nesse contexto, é importante conhecer os famosos prebióticos e probióticos que, se ingeridos em quantidades adequadas, podem ajudar a equilibrar a saúde intestinal.

Mas afinal, o que são eles? Probióticos são microrganismos vivos cujos principais benefícios são: controle da microbiota intestinal; equilíbrio da região após o uso de antibióticos; promoção de uma melhor digestão da lactose em indivíduos intolerantes; melhora do sistema imunológico; alívio da constipação; aumento da absorção de minerais; e produção de vitaminas como a B12 e K. Na gravidez, alguns estudos demonstram que os probióticos também ajudam a aumentar o tempo de gestação e o peso do bebê ao nascer.

Já os prebióticos, são partes dos alimentos que não são digeridos e, por isso, servem de “combustível” para os micro-organismos benéficos do intestino. Além disso, eles têm efeitos benéficos na modulação de funções fisiológicas vitais como: absorção de cálcio; metabolismo lipídico; e auxílio na redução do colesterol e no risco de câncer de cólon.

Ou seja, tanto os probióticos quanto os prebióticos são considerados alimentos funcionais. Isso significa que oferecem benefícios à saúde, além de suas funções nutricionais básicas.

Um bom exemplo de alimento que contém probiótico, são os leites fermentados, assim como alguns outros produtos lácteos e alimentos fortificados. Também existem no mercado comprimidos, cápsulas e sachês contendo bactérias.

Em relação aos prebióticos, eles podem ser encontrados em alguns leites e fórmulas lácteas, na banana, cebola e alcachofra, e em cereais integrais. Um deles é o farelo de aveia, que possui uma função clássica enquanto fibra alimentar, mas também possui beta-glucana, que é capaz de melhorar a microbiota intestinal e até reduzir o colesterol.

Por fim, também podemos encontrar os prebióticos e os probióticos combinados em uma mesma formulação, o que é chamado de simbióticos. O efeito conjunto de ambos  pode trazer ainda mais benefícios para a saúde dos indivíduos. Isso porque eles podem aumentar os efeitos benéficos um do outro. Por exemplo, quando administrados conjuntamente, eles têm demonstrado serem mais efetivos para um programa de perda e manutenção do peso corporal.

 

Referências bibliográficas:

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Dra Carolina Pimentel. Nutricionista. Mestrado e Doutorado pela USP. Especialista em Medicina do Estilo de Vida pelo International Board of Lifestyle Medicine. Autora dos livros “Além da Nutrição – O impacto da nutrição materna nas futuras gerações” e Alimentos Funcionais e Compostos bioativos” pela Ed Manole.