Nutrição Prática & Saudável

O que a comida tem a ver com ansiedade?

ansiedade

Segundo a OMS, 9,3% da população brasileira sofre de ansiedade. São quase 20 milhões de pessoas, número que faz do Brasil o país mais ansioso do mundo! Se estendermos a lista para outros transtornos mentais, o número pode chegar até 86% da população. Um levantamento recente¹ indicou que 37% das pessoas estão com stress severo e, quando se trata de depressão, a taxa chega a 59%!

Como vocês sabem, o blog se preocupa bastante com o bem-estar físico e mental. Por isso, falaremos hoje de como a alimentação está ligada diretamente a esses transtornos. Assim, podemos nos planejar para uma dieta equilibrada, diversa, nutritiva e que pode ajudar a prevenir certos quadros psicológicos mais severos.

Você come de ansiedade ou de fome?

A nossa saúde mental tem tudo a ver com o bom funcionamento do organismo e isso não é segredo nenhum. A ingestão de uma diversidade de nutrientes e vitaminas, a relação prazerosa com a comida, horas suficientes de descanso, a prática de atividades físicas, tudo contribui para que nosso organismo esteja em ordem e operante.

E o pilar da nutrição tem uma relação complexa com o bem-estar mental, podendo ser, ao mesmo tempo, um deflagrador ou um sintoma de certos quadros. “Alguns transtornos psiquiátricos já são relacionados, muitas vezes, à carência de certas vitaminas, como, por exemplo, as do complexo B, ou com estados de desnutrição”, conta a nutricionista Dra. Carolina Pimentel.

“Além disso, a relação que mantemos com a comida no nosso dia a dia é um fator muito importante para o nosso bem-estar. Veja o caso da sensação de saciedade, por exemplo: há alguns fatores que determinam, para o nosso corpo, o início e o fim das refeições. Normalmente, eles têm a ver com a digestão, mas podem também ser comportamentais”, completa Carolina. “Por isso é importante mantermos a atenção plena durante as refeições, prestando atenção no que colocamos no prato e na boca, de preferência, optando por espaços mais calmos, sem televisão ou celular”.

Há também indícios de uma relação direta entre a falta de sono e a fome, segundo a revista Scientific American². Quando estamos cansados ou privados de sono, nosso cérebro manda sinais de que precisamos de algumas calorias extras – e logo!

Por isso é que o cansaço às vezes vem junto de uma vontade de comer coisas muito calóricas. Ainda de acordo com a pesquisa, quando nós dormimos mais e melhor, temos uma tendência a passar menos fome durante o dia.

Tudo passa pelo intestino

Ultimamente, temos dedicado bastante atenção à microbiota intestinal. E não é por menos! O nosso intestino contém milhões de células similares às que constituem o cérebro, formando um sistema nervoso próprio. É por lá que se forma grande parte da serotonina que viaja pelo nosso corpo – é esta a famosa molécula que nos ajuda na sensação de bem-estar.

Já dá para imaginar como o órgão é importante então, não dá? “Temos estudado bastante a sua relação com o psicológico. Procuramos encontrar as especificidades dos alimentos, entender qual o seu papel para a microbiota intestinal e como isso pode impactar no eixo cérebro-intestino”, conta a Dra. Carolina.

O bom funcionamento do intestino impacta na imunidade e qualquer desarranjo por lá pode enviar sinais até o cérebro que contribuem para o mau humor e para a diminuição da concentração.

Ok, mas o que podemos fazer com toda essa informação?

“Nenhum alimento consegue tratar uma doença, ele consegue ajudar na prevenção ou atuar como coadjuvante no tratamento”, lembra a Dra. Carolina. “É o caso das nozes e castanhas, do azeite ou mesmo do leite, que tem triptofano, um aminoácido relacionado com a produção de serotonina e com a sensação de bem-estar”, completa.

Outros alimentos considerados importantes na prevenção de quadros de depressão ou ansiedade são as verduras de folha verde e os vegetais verde escuros, ricos em ácido fólico; os grãos e cereais integrais, ricos em vitaminas do tipo B; além de frutas cítricas, cuja vitamina C ajuda a diminuir os níveis de cortisol, vulgarmente conhecido como “hormônio do stress”. Ou seja, na dúvida, varie bastante a alimentação – mas não só isso.

“Há estudos que indicam que indivíduos que consomem mais vegetais costumam sofrer menos de certos transtornos, assim como aqueles que praticam mais atividades físicas. E isso nos leva a lembrar, novamente, que a nutrição é um dos pilares da vida saudável e que devemos cuidar das outras áreas também!”, diz Carolina.

Uma dica final é não passar muito tempo em jejum. Lanches intermediários são oportunidades adicionais para comer alguma coisa gostosa, leve e nutritiva. E ficam mais interessantes ainda se conseguirmos incluir algo prático, como água de coco em caixinha, para não precisarmos quebrar muito a rotina corrida.

 

Fontes:

¹Revista Veja.

²Scientific American.

Exame.

Revista Saúde.